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sexta-feira, 31 de maio de 2013

O JOGO DA MORTE


Tudo aconteceu meses depois de setembro de 1941, quando Kiev, capital da Ucrânia, foi ocupada pelo exército Nazista. Andando pela rua, Josef Kordik, um padeiro alemão radicado na cidade, não pôde deixar de reparar nos soldados ucranianos doentes e desnutridos, que haviam regressado do campo de batalha. Contudo, um deles, grandalhão, surpreendeu-o, era Nikolai Trusevich, astro de seu time do coração: o Dinamo.
Kordik empregou Trusevich em seu comércio, e os dois logo combinaram de resgatar os demais companheiros do goleiro, que ainda estivessem vivos. O arqueiro conseguiu, efetivamente, encontrar alguns de seus antigos camaradas, e ainda levou para a padaria alguns rivais do campeonato russo, além de três atletas do conhecido time do Lokomotiv.

Ousados eles decidiram voltar a fazer a única coisa que sabiam, jogar futebol. E como não podiam levantar o antigo Dínamo, criaram uma nova equipe, o FC Start, que, a partir de junho de 1942, passou a desafiar as equipes de futebol formadas por militares dastropas que haviam invadido a União Soviética. A carreira de vitórias do desconhecido Start passou a incomodar os oficiais superiores do Terceiro Reich, que organizaram uma partida dos ucranianos e de seus colegas contra a poderosa equipe da Flakelf, pertencente à Luftwaffe. O resultado, vitória do Start por 5 a 1, o que representou pouco menos do que uma catástrofe para os invasores.

Só depois dessa derrota é que os alemães descobriram a manobra do padeiro Kordik. Berlim ordenou a eliminação de todo o atrevido time da Ucrânia, Kordik inclusive, mas os Nazistas que controlavam Kiev decidiram não varrer aquela gente desafiadora da face da Terra antes de derrotá-la no campo de jogo.

A revanche foi então marcada para 9 de agosto de 1942, no estádio Zenit. A torcida compareceu em massa. Apesar de o juiz, um oficial da SS, ter advertido os ucranianos no vestiário, antes da partida, que eles deveriam fazer a saudação Nazista, os atletas do Start, vestidos com camisa vermelha e calção branco, ao levantarem o braço, levaram a mão ao peito e no lugar de dizer “Heil Hitler!” gritaram “Fizculthura!”, um brado soviético que proclamava a cultura física.

Os alemães, de camisa branca e calção negro, marcaram o primeiro gol, mas o Start virou o jogo ainda no primeiro tempo, e foi para o intervalo vencendo por 2 a 1. No vestiário eles foram advertidos por oficiais da SS de armas em punho: deviam perder a partida, ou ninguém sairia do estádio vivo (uma mentira, já que a morte deles havia sido já ordenado pelo partido nazista).



Amedrontados, os jogadores pensaram em não voltar para o segundo tempo, mas o entusiasmo da torcida os levaram de volta ao gramado. A poucos minutos do final da partida, quando o placar já era de 5 a 3 para o Start, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Ele, então, aplicou-lhe um drible desconcertante, deixando o coitado estatelado no chão, e de frente para o gol deu meia volta e chutou a bola para o centro do campo. O estádio veio abaixo.

Impressionados com a reação do público, os oficiais alemães permitiram que o time do Start deixasse o estádio, e até que jogasse novamente, para golear seu último adversário por 8 a 0. Mas essa foi mesmo a vitória derradeira.

Horas mais tarde um pelotão de soldados cercou e invadiu a padaria de Kordik. O comerciante foi o primeiro a morrer torturado na frente dos jogadores. Em um campo de concentração de Siretz foram mortos Klimenko, o goleiro Trusevich (que pediu para usar a camisa do Start) e Kuzmenko. Escaparam a esse fim os atletas Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na padaria no momento em que os soldados alemães apareceram. Apesar de procurados, eles sobreviveram, escondidos, até a libertação de Kiev, em novembro de 1943.

Na sede do Dínamo de Kiev, um monumento saúda e recorda os heróis do FC Start – considerados heróis da Pátria ucraniana.


Confira abaixo um documentário feito pela ESPN americana sobre a história do FC Start:

quarta-feira, 29 de maio de 2013

ROSÁRIO EM FESTA


Depois da frustração da temporada passada, quando não conseguiu eliminar o San Martin de San Juan pela promoción, a temporada atual era a mais importante para clube desde do rebaixamento, a três anos atrás. Um dos clubes mais importantes do futebol argentino, que numa pesquisa feita a pouco tempo, revela que o clube de Rosário é o 6° clube mais popular da Argentina. O clube que manteve a base para essa empreitada nadou de braçadas, liderado pelo técnico campeão da Libertadores da América com o Boca, Miguel Angel Russo,  conseguiu transformar o resultado caótico da temporada passada em poderio técnico para subir de forma tranquila nesse ano.

Em três anos fora da primeira divisão, o clube que tem 4 títulos argentinos, o último em 1987 e com uma marca bem interessante, logo após o acesso a 1° divisão em 1985, venceu a mesma no ano seguinte, fez muita falta ao futebol argentino. No primeiro ano de nacional B, o clube ficou na péssima 12° posição, o clube estava mergulhado numa situação financeira bem difícil, na temporada passada, quando ficou a uma vitória do acesso e esse ano de fato, quando subiu com quatro rodadas de antecedência foi mais empolgante para a maior torcida do interior do país, o time dono do mítico Gigante de Arroyito garantiu com esse acesso o grande clássico de Rosário, uma das maiores rivalidades do futebol argentino. Sua enorme torcida, além de extremamente apaixonada, é conhecido por ser uma das hinchadas mais agressivas também.



A vitória dos Canallas, no dia 20, diante do Gimnasia Jujuy por 3 x 0, consolidou a volta desse gigante. Essa foi uma vitória simbólica de um time que somaria 20 vitórias em 34 jogos. A temporada não começou muito fácil, o time acumulou 3 vitórias em 13 jogos inicias, tudo dava  a entender que o clube ficaria na Nacional B novamente. Mas o time conseguiu entender a nova forma de jogo de Russo, que chegou na temporada 2012/2013 no lugar de Pizzi, o clube embalou 17 partidas, 15 vitórias seguidas.

Faltando três jogos pra encerrar a competição, o clube faz uma campanha com até agora, 21 V, 8 E e 6 D, e para garantir o título, basta duas vitórias nas próximas diante de Gimnasia e Instituto, fora de casa para levantar o caneco. Já o Gimnasia, que ontem venceu o Instituto também assegurou a vaga na primeira divisão. A diferença entre os dois é de 5 pts.

O que falta:

Gimnasia x Rosário Central - A. Suárez
Instituto de Córdoba x Rosário Central - Juan Domingo Perón
Rosário Central x Deportivo Merlo - Gigante de Arroyito.

A cidade de Rosário está bem feliz, pois um de seus filhos famosos está voltando e o outro filho, o Newell´s, o time da cidade e rival dos Canallas tem ótimas perspetivas, tanto na libertadores quanto no torneio final, do qual lidera.

sábado, 25 de maio de 2013

HERTHA EM CIMA DO MURO NO 3° REICH


O clube de futebol da capital alemã encomendou um estudo sobre a influência nazista na época do Terceiro Reich. Os dirigentes consideram o resultado positivo.

"A equipe do Hertha não foi contagiada pelo nacional-socialismo", declarou o historiador Daniel Koerfer, da Universidade Livre de Berlim, contratado pelo clube da capital alemã para investigar seu passado.


"Não houve resistência contra o regime, mas também não foi registrado um entusiasmo fanático pelo partido e por seus líderes, além da admiração por Hitler até o início da Segunda Guerra Mundial", escreveu Koerfer em seu estudo de 70 páginas. "O Hertha não teve um posicionamento fortemente anti-semita, mas também não havia resistência contra as leis raciais decretadas pelo Estado do Terceiro Reich".

A grande maioria dos jogadores do Hertha não aderiu ao partido nazista e a maior parte dos 400 associados não teria simpatizado com o nazismo, aponta o estudo.

No entanto, os dirigentes do clube, incluindo Hans Pfeifer – que foi nomeado como presidente para assegurar que a ideologia nazista fosse cumprida – ou já faziam parte do partido ou tornaram-se membros depois.

O estádio do clube situava-se no bairro operário de Wedding, ao norte de Berlim. "Isso deve ter nos protegido de sermos mais usados pelos nazistas", disse o presidente do clube, Bernd Schiphorst, também iniciador do estudo histórico.

No bairro que também era conhecido como "Wedding 
Vermelho" antes da Segunda Guerra Mundial, 75% da população votou a favor do Partido Comunista e dos social-democratas na eleição de 1932.



O presidente do Hertha reforça que o clube de futebol é freqüentemente associado à época nazista porque seu estádio foi construído por Albert Speer, arquiteto-chefe do regime de Hitler.

O jogador de maior sucesso na história do clube, Hanne Sobeck, que ajudou o Hertha a conquistar seus dois últimos títulos do campeonato alemão, em 1930 e 1932, filiou-se ao partido nazista em 1940, mas manteve certa distância dele.

"Sobek protestou quando os membros judeus do clube foram proibidos de entrar no estádio, como resultado das políticas segregacionistas de Hitler e seus seguidores", escreveu Koerfer. "E não apenas isso, ele também continuou mantendo contato com os sócios judeus".

O médico judeu do time do Hertha foi deportado para o campo de concentração e extermínio de Auschwitz em 1943, onde foi assassinado.



domingo, 19 de maio de 2013

A RIVALIDADE DENTRO DO CAOS NAZISTA


Naquele domingo de junho, de 1941, Berlim acordou com a notícia de que as tropas nazistas haviam invadido o território de Soviético mas aqueles dias não seria, para o alemão, o episódio mais importante do dia. Estava programado para acontecer naquela tarde, no Estádio Olímpico da cidade, a final de um importante torneio de futebol.

Lá, os campeões Schalke 04, clube favorito dos adeptos do regime nazista, iriam enfrentar o Rapid Viena time que defendia a Áustria, país recentemente anexado à Alemanha. A partida prometia, e a rivalidade política existente entre os dois lados só aumentava o interesse da população alemã. 

Com ascensão do nazismo, o futebol alemão viveu um período de renascimento. A estrutura do jogo foi profundamente modernizada, o que aumentou o interesse das torcidas e escancarou o talento dos jogadores, que, de olho no crescimento do esporte , empenharam-se como nunca. O regime de Hitler foi mestre em explorar o potencial do futebol, o “teatro do povo”, como divulgador da imagem do movimento nazista. As estrelas dos times alemães passaram a se tornar verdadeiros garotos-propaganda da ideia de supremacia ariana.

A renascença do futebol alemão ocorreu quase que simultaneamente ao período do florescimento de um dos mais famosos clubes de futebol do país, o Schalke 04. Saído do humilde subúrbio industrial de Gelsenkirchen (na região de Ruhr) o Schalke 04 amargou a derrota do campeonato de 1933 para, no ano seguinte, voltar a triunfar sobre o então favorito time do FC Nuremberg (região da Baviera). E este era apenas o começo de uma notável sequência de vitórias. O time chegou à final em sete dos oito campeonatos seguintes e conquistou o título em cinco deles.




Em 1941, na final do campeonato, o time do Schalke 04 enfrentaria um duro adversário, o Rapid Viena, que vinha de uma excelente temporada. A seleção nacional austríaca de futebol tornara-se uma das mais fortes do mundo nos anos de 1930. Depois de 1938, quando o país foi anexado à Alemanha e os times austríacos rapidamente impuseram sua presença na disputa pela Liga alemã de futebol, a rivalidade, então, cresceu.

Naquele ano o Rapid Viena venceu a copa alemã. No ano seguinte, em 1939, outro time austríaco chegaria à final: o Admira Viena, que ficou apenas com o vice-campeonato. Em 1940, novamente o time do Rapid estaria nas finais, mas não levou o título. A presença dos austríacos do Rapid Viena na final do campeonato de 1941 simbolizava, portanto, mais um indício do evidente crescimento do time.

A partida naquela tarde de domingo era um confronto imperdível para austríacos e alemães. Não fosse apenas a rivalidade no futebol, havia também uma acentuada rivalidade regional. Ignorando a origem austríaca do Führer, a cultura alemã de, tradicionalmente, fazer uma divisão norte-sul vigorava à todo vapor – protestantes contra católicos e “prussianos” contra austríacos.


Os habitantes do norte da Alemanha insistiam em colocar os austríacos em um patamar inferior. Já os nascidos na Áustria, por sua vez, viam os alemães do norte como incultos e arrogantes.

Em 1939, um episódio viria, então, exaltar ainda mais os ânimos. Matthias Sindelar, um das principais estrelas do futebol austríaco, morreu misteriosamente depois de recusar-se a defender a camisa alemã. Suspeita-se que Matthias tenha sido assassinado pelos nazistas.

Embates físicos tornaram-se comuns nas disputas entre os times austríacos e alemães. Em 1940, inúmeros jogos foram marcados por brigas. E a violência não ficava restrita às arquibancadas. Em uma partida entre um time da Luftwaffe de Hamburgo e um time de Viena houve uma série de incidentes violentos e o goleiro austríaco, após alguns confrontos brutais, deixou a partida seriamente ferido. Mais tarde, o jogador morreria no hospital.




O espírito competitivo cada vez mais contaminava as opiniões dos torcedores. O sentimento antinazista carregado pelos austríacos direcionava-se ao time predileto pelo regime de Hitler: o Schalke 04, também conhecido pelas alcunhas “Os Mineiros” ou “Os Azuis Reais”.

Cada vez mais próximo da administração nazista, os jogadores do Schalke passaram a receber honrarios do governo, como posições de destaque nas tropas nazistas a AS. Os atletas que brilhavam mais, como Ernst Kuzorra e Fritz Szepan, eram, inclusive, utilizados como porta-voz da propaganda nazista. Até mesmo Hitler torcia pelo time. O Schalke passou, então, a representar o movimento nazista e, assim, os embates entre eles e qualquer time de Viena tornaram-se palco de muita violência. O jogador Kuzorra, por exemplo, foi nocauteado em um jogo, e, no encontro entre o time do Admira Viena e o Schalke, em novembro de 1940, uma limusine nazista e um ônibus do time alemão acabaram depredados. Por todas essas razões, àquela altura, o jogo de 22 de junho de 1941 interessava mais aos alemães do que a invasão nazista a URSS.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A LUFTWAFFEN FUTEBOL CLUBE HAMBURGO


O Luftwaffen Hamburgo foi uma curta associação militar do futebol alemão, clube criado durante a 2° Guerra Mundial. A Luftwaffen era a poderosa força aérea alemã. Com o curso da guerra, as equipes esportivas militares foram se formando na Alemanha e nos territórios ocupados para servir como força moral para ambos os homens em serviço e as populações civis. Além da Luftwaffen  Hamburgo tinham também as, Luftwaffen Danzig,  SS Straßburg , Mölders Krakau, e Heeres-SV Groß Born. Alguns comandantes militares buscaram jogadores qualificados ou muito conhecidos para jogar em seus clubes. Para os jogadores isso muitas vezes fornecia um meio de evitar outro serviço mais perigoso nas forças armadas. Entre as equipes mais conhecidas na época era a Rote Jäger montado por Hermann Graf , comandante de pilotos de caça alemães, cuja equipe incluiu o famoso jogador da seleção Fritz Walter e o técnico Sepp Herberger.

LSV Hamburgo foi formado 08 de dezembro de 1942 sob a direção do coronel Laicher, comandante da artilharia anti-aérea que defendia a cidade de Hamburgo no conflito. O clube foi gerido por Otto Faist que liderou Schalke 04 no campeonato alemão de 1939, em uma vitória esmagadora de 9 x0 sobre Admira Wien na final. LSV se juntou ao Gauliga Hamburgo em 1943. A divisão foi formada no ano anterior fora da divisão do Gauliga Nordmark, um das dezesseis divisões de clubes formados em 1933 na re-organização do futebol alemão sob o Terceiro Reich. O clube jogou a maior parte de seus jogos em casa no Hoheluft que era a casa do Victoria Hamburgo.

A equipe jogou alguns jogos importantes até a final de 1943 da Tschammerpokal, antecessora da atual Copa da Alemanha, onde perderam de 3 x 2 para o Rapid Viena, grande clube da ocasião. O Hamburgo, em seguida, venceu 17 jogos seguidos, e superando seus adversários um a um. Eles ganhavam terreno até as rodadas dos playoffs nacional do campeonato. Em 18 de junho de 1944, em Berlim, perdeu a decisão por 4 x 0 para o atual campeão Dresden, um clube que já havia os eliminado da competição da Copa da Alemanha em sua caminhada até a final da Copa.


Em uma tentativa desesperada para ajudar a manter o moral dos militares e dos civis e como os ares da guerra mudaram contra o país de Hitler, os jogos da liga foram imediatamente retomados dentro de semanas do fim campeonato, logo a seguir ao fim da temporada ao invés da habitual pausa de três meses de verão. Hamburgo completou apenas três jogos, antes dos jogos de todos os clubes militares fossem suspensos em setembro de 1944. Com o exércitos aliados avançando sobre a Alemanha, era necessário toda a força militar disponível para os combates que viriam por fim ao 3° Reich.

Entre 1903 e 1944 campeões nacionais alemães jogavam pela Copa da Vitoria. A final de 1944 entre Dresden e Hamburgo foi a última partida da Copa Vitoria. Esse troféu desapareceu no final da guerra e foi substituído pelo Meisterschale, concedido pela primeira vez em 1949, e ainda em uso até hoje para conhecer o super campeão do jogo entre o campeão da Bundesliga e o campeão da copa da Alemanha. 

Devido às difíceis condições que a guerra colocava para a Alemanha em 1943/44, as rodadas dos playoffs foram inicialmente canceladas e o título atribuído ao Mainz . No entanto, o protesto generalizado levou a reversão dessa decisão e os playoffs foram disputados novamente. Mainz foi eliminado nas oitavas-de-final pelo Nuremberg , que posteriormente foram eliminados pelos futuros campeões o Dresden nas semi-finais.

Depois desse período, os times ligados aos nazistas e principalmente ligados as forças armadas alemãs foram extintas, inclusive as próprias forças armadas foram proibidas e só voltaram a ativas nos 90, com a queda do muro de Berlim em 1989.

domingo, 12 de maio de 2013

O FUTEBOL NA ÁUSTRIA ANEXADA


Nos sombrios anos 30, anos esse dominados pelo totalitarismo estatal, o futebol tinha que se adaptar a esse contexto para não deixar de existir. Uma das primeiras ações do líder nazista, assim que chegou ao poder na Alemanha, foi anexar sua pátria mãe, a Áustria, ao até então "poderoso" terceiro Reich.  Com essa medida, todas as instituições austríacas seriam obrigadas a seguir o julgo nazista, obviamente o futebol também foi junto desse movimento.

Uma das equipes que vão se curvar e se beneficiar, diga-se de passagem, desse regime seria o Rapid Viena; não podendo deixar fora desse contexto, a Áustria era uma potencia futebolistica naquela época, muito mais respeitável que a Alemanha. Hitler em sua tentativa de demonstrar a superioridade racial do germânicos, unia o útil com o agradável.

Para azar dos alemães, a Áustria era uma potência do futebol europeu no período entre guerras, e o Rapid Viena justamente era um dos clubes mais fortes do país já nesta época. Com 11 títulos nacionais desde a temporada inicial da Áustria, 1911/1912, o time alviverde já liderava o Campeonato Austríaco da temporada 1937/1938 na 15ª rodada, quando o país foi renomeado Ostmark. Até a última das 18 rodadas, o Rapid se manteve líder da classificação e foi campeão nacional com 30 pontos. O Wiener Sport-Club foi vice, com 23.



Ainda em 1938, os primeiros clubes austríacos passaram a fazer parte da Copa da Alemanha (a atual DFB-Pokal, e então chamada de Tschammer-Pokal). A competição, majoritariamente composta por clubes alemães, tinha um formato simples: na primeira fase, 16 times alemães jogavam uma pré-classificação, colocando oito equipes nas oitavas de final. Nas oitavas, os oito times alemães de enfrentavam de um lado, enquanto oito times austríacos se enfrentavam do outro. A partir daí, as equipes se misturavam e iam se enfrentando em sistema de mata-mata até a final.

O Rapid Viena conseguiu resultados expressivos nesse período. O futebol alemão daquela época foi dividido em vários campeonatos regionais,  o Rapid aderiu ao sistema alemão de futebol, jogando na primeira divisão regional, conhecida na época como Gauliga Ostmark, juntamente com clubes como o Wacker Viena e Admira Viena. Rapid seria o mais bem sucedido destes clubes. Eles ganharam o Tschammerpokal, pai da atual Copa da Alemanha , em 1938, com uma vitória por  3 x 1 sobre o Frankfurt , e seguiu bem no Campeonato Alemão em 1941 ao derrotar o Schalke, o clube alemão mais forte da época. 

Paralelamente ao título na Alemanha Nazista, o Rapid Viena continuava sendo uma potência na própria Áustria, conquistando a Gauliga Ostmark – torneio organizado pelo Terceiro Reich apenas para os clubes dos territórios anexados – em 1940 e 1941. A competição foi disputada até a temporada 1943/1944, embora as nove primeiras rodadas da temporada 1944/1945 tenham sido realizadas.



Em 1943, foi disputada a última edição da Tschammer-Pokal, justamente com mais um título para a Áustria: o First Viena, que venceu o Luftwaffen-SV Hamburg por 3 a 2. A competição foi interrompida no fim da II Guerra Mundial, e só voltou a ser disputada em 1953. Já a Viktoria Cup registrou apenas um novo sucesso austríaco (o próprio First Viena foi vice-campeão em 1941/1942, perdendo o título para o Schalke por 2 a 0) antes que a liga fosse suspensa no fim dos conflitos. Assim, os alemães ficaram sem futebol entre 1945 e 1947.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

A RESISTÊNCIA BAVARA


É curioso como há clubes como o Ajax que sempre possuíram uma história de grandeza associada ao seu multiculturalismo e à sua resistência contra os regimes totalitários. E outros, como o Bayern Munique, que foram acusados por várias vezes serem, clubes acomodados e clubes sem personalidade. Ironicamente, durante a II Guerra Mundial o Ajax, um clube da comunidade judaica, colaborou com o regime nazista na denúncia de membros influentes da comunidade judaica local que acabaram em campos de concentração. Por outro lado, o Bayern, foi o único clube alemão que desafiou abertamente os "poderes" de Hitler. E pagou um  preço alto por essa resistência.

Entre os anos 30 e os anos 60, a grande equipe do futebol alemão perdeu tudo o que tinha ganho. Passou muitos anos nas divisões inferiores, sofreu muito na questã social na Baviera e viu muitos dos seus dirigentes exilados. Foi o preço por opor-se ao regime nazista e à sua politica de anti-semitismo.
O clube tinha começado a afirmar-se na elite do futebol germânico desde o final da década de 20 e em 1932 sagrou-se campeão nacional pela primeira vez na sua história. Não voltaria a vencer um titulo até ao final dos anos 60.
Em 1933 o regime de Adolf Hitler controla definitivamente a Alemanha.
Uma das suas primeiras medidas iniciais passava pelo controle total de todas as instituições esportivas e sociais. Originalmente o plano de Hitler era acabar com todos os clubes de futebol e criar tudo do zero totalmente fieis ao partido. Houveram várias fusões entre clubes em cidades por todo o país e quanto às instituições mais influentes, o regime exigiu a demissão dos seus dirigentes e a substituição por pessoas ligadas ao nazismo. Pior para os  clubes que empregavam  membros da comunidade judaica. Bernhardt Rust, ministro da educação, promulgou em Junho de 1933 uma lei que expulsava qualquer membro da comunidade judaica de qualquer instituição estatal, desportiva ou educativa na Alemanha. 
Muitos dos clubes alemães já se tinham antecipado à medida. O Bayern recusou-se,  a obedecer a essa lei e até ao último dia o seu presidente, o judeu Kurt Landauer, homem por trás da gestão que levou ao primeiro titulo dos bávaros  manteve-se no posto com o apoio absoluto do restante dos dirigentes, dos jogadores e torcedores, muitos dos quais membros do partido. Anos depois Landauer foi preso pela Gestapo, policia do regime nazista, por resistência ao regime e acabou num campo de concentração que funcionaria como teste ao que mais tarde se viria fazendo parte do Holocausto, Dauchau. Em 1939 conseguiu escapar e refugiou-se na Suíça onde manteve o contato com os seus antigos companheiros em Munique.
A atitude do clube irritou profundamente os dirigentes nazistas.
O regime apoiou declaradamente o rival local, Munique 1860, e liberou enormes quantidades de verbas, campos de treino de primeiro nível e facilidades na negociação de jogadores que tinham de cumprir serviço militar. Ao contrário, para os negócios do Bayern tudo era dificultado e problemas para resolver e a pouco e pouco o clube tornava-se numa instituição marginal. Foi forçado a despedir alguns dos seus melhores jogadores (judeus) e quando o regime aplicou uma legislação que obrigava os clubes a serem absolutamente amadores, instituições que tinham rumado ao conceito semi-profissional, como era o caso do Bayern de Munique, tiveram de reformular o elenco de forma drástica.
Mesmo assim, o clube manteve-se fiel ao seu presidente, anunciando nas suas publicações que Landauer ainda era dirigente com plenos direito no clube e que todas as regras impostas pelo partido eram apenas aceitas, não compartilhadas ideologicamente pelo clube. Em 1940, o clube foi até à Suíça disputar um amistoso. Landauer estava nas tribunas. Os jogadores aproximaram-se e aplaudiram-no durante muitos minutos. No intervalo a Gestapo entrou no vestiário e ameaçou a todos os jogadores com uma ida sem volta a um campo de concentração se a atitude se voltasse a repetir. Na conservadora Baviera, onde muitos dos adeptos ao regime ficaram depois da guerra terminar como auxiliares da administração norte-americana, essa postura nunca foi esquecida e a popularidade do Munique 1860  manteve-se em alta até aos anos 60.

Fiel ao seu principio, o Bayern mandou publicar nos jornais locais uma nota de saudações aos exércitos Aliados no dia em que, finalmente, foi assinado a rendição da Alemanha. Dois anos depois Kurt Landauer voltou do exílio na Suíça e chegou a Munique para ser reeleito, por aclamação, presidente do Bayern. Cargo em que manteve até 1951. Os problemas sociais mantiveram o clube longe da elite durante os dez anos seguintes.

Curiosamente foi um jovem que estava na base do rival  de cidade. Franz Beckenbauer mudou a história e tornou-se igualmente numa das figuras que mais impulsionaram os ideais filantrópicos do clube. Desde os milhões oferecidos às vitimas do tsunami no sudeste asiático em 2004, apoios a escolas no Sri Lanka e, sobretudo, um apoio financeiro direto a muitos clubes alemães com problemas financeiros, do politizado St. Pauli ao rival direto Borusia Dortmund sem esquecer, curiosidades da vida, o seu vizinho, o Munique 1860 .