Pages

quinta-feira, 27 de março de 2014

POVO X ELITE


Nesse domingo teremos novamente pela frente um dos cinco maiores clássicos do futebol mundial. Um Boca x River é sempre um enorme evento na Argentina, sempre cercado de muita tensão pelo ódio que os torcedores tem um do outro, o que sempre e infelizmente acaba estourando em forma de violência.

Em pesquisa de torcidas realizada pelo Instituto Entrepreuner para a revista El Gráfico nº 4.118 de 11 de Setembro de 1998, Boca e River seriam as maiores torcidas da Argentina, tendo o Boca 31,2% (10.791.000 pessoas) da preferência e o River, 30% (10.376.000 pessoas), ou seja, os dois juntos representam 61,2% dos torcedores argentinos; e segundo Consultora Equis Boca é a primeira torcida com 40,4% e o River a segunda com 32,6%.

Em outra pesquisa realizada pelo Centro de Estuos Nueva Mayoría, em Julho de 2004, o Boca teria 39% da torcida da Grande Buenos Aires e o River 26%, considerando apenas essa região metropolitana. Por esta pesquisa, o River justificaria o apelido de "Milionários", pois leva vantagem entre os torcedores de classe média-alta (34% contra 28% do Boca) e entre os que tem educação superior (35% a 27%). Já o Boca tem quase o dobro na classe baixa (42% a 24%)e entre as pessoas que completaram apenas o primário (44% a 24%).

Após uma campanha sofrível no torneio inicial, o River vem se recuperando muito bem na fase final do campeonato argentino. Nesse campeonato, terminou na péssima 17º posição, com 21 pts, 12 atrás do campeão San Lorenzo e a 8 de seu grande rival. O Boca também não tem muito o que comemorar, o torneio inicial ficou muito aquém daquilo que Bianchi poderia imaginar, a ponto de seu trabalho ter sido questionado. Terminou na 7° posição com 29 pts. Fora ter ficado a frente de seu rival, nada pra se comemorar.



No torneio final o River consegue ter um desempenho melhor, vem acumulando vitórias importantes o que lhe faz estar nesse momento na 4º posição. Já o Boca tem um inicio um tanto diferente, mas representa muito pouco pela evolução do time, que nos últimos jogos vem demonstrando alguma diferença da apatia do 1° turno. Em caso de vitória sobre o grande rival, além da grande injeção de ânimo, passará o próprio River na tabela de classificação.

A três dias para o super clássico, Bianchi e Ramon ainda tem indefinições para suas equipes para domingo. Acosta ou Burrito Martinez do lado xeneize, enquanto Díaz deve resolver cima e para baixo : Teo , Keko ou ambos? Funes Mori? Malevo ou? No River, a dúvida, é tanto na frente como na última linha. Díaz tem um problema interessante: Teo Gutierrez está pronto para voltar, recuperado de sua lesão, mas a grande performance de Keko Villalva contra o Lanus, colocou uma pulga atrás da orelha . Ao lado de Lanzini temos três nomes pra duas vagas. A outra dúvida é o lado esquerdo. Com Vangioni suspenso Malevo Ferreyra, Funes Mori e Urribarri (seria sua estréia) luta por um lugar.

Já Bianchi, que fechou todas os treinamentos de semana, analisa se o time se comportaria melhor com Pibito Acosta ou Burro Martínez . A primeira situação é interessante pela idade, mas a experiência e os recursos ofensivos de Burrito, até por se tratar de um jogo na Bombonera, com a "obrigação" de sair pro jogo seria melhor explorado. Só domingo esse mistério será resolvido.

Jogando no bairro de La Boca, os millionários não costumam se dar bem quando vem ao sul de Buenos Aires: Foram 20 derrotas, 14 empates e apenas 5 vitórias do River. No primeiro turno, vitória do Boca em pleno Monumental de Nuñes. Nos últimos cinco jogos, o Boca venceu 2, empatou 2 e perdeu 1; Já o River venceu 3, perdeu 1 e empatou 1. A última vitória do Ríver na Bombonera foi em 2010 pelo o Apertura.


quarta-feira, 5 de março de 2014

A CARRUAGEM VIROU ABÓBORA


O Leverkusen ainda é o time que pode se vangloriar de ter sido o ultimo time a ter vencido o poderoso Bayern de Munique na temporada passada. Mas é a única coisa de que o torcedor da cidade da industria de remédios pode se felicitar, apesar da vice liderança que ostentou por muito tempo, o que se demonstrou apenas uma questão de tempo até que o Borussia Dortmund se estabilizasse e engolisse a equipe da Renânia do Norte, e deu mostras de uma recuperação que provavelmente o levará a se fixar nessa posição, o que sobraria apenas duas vagas para UCL e uma direta.

O Bayer, assim como a grande maioria dos clubes alemães, vive na "bolha" de prosperidade que é a bundelsiga, e a sua carruagem era muito bonita com a vice liderança do alemão onde esteve por 12 rodadas, 10 consecutivas na vice liderança e jogadores como Sam, Son jogando muito bem e o artilheiro Kiessling fazendo gols em doses industriais. A aposta Sami Hyypiä como técnico parecia que a vaga e o título simbólico dos mortais (vice liderança) estaria garantidos. E a receita sempre passou pelo aproveitamento nesses jogadores. Só que algo desandou com a realidade dura, fora da bolha, nas competições europeias. Se classificou até de certo modo tranquilo num grupo que tinha Manchester United.



O primeiro jogo fora do campeonato alemão evidenciou as fraquezas do clube que levou um sonoro 4 x 0 em casa contra um poderoso PSG. Mas o que mais chama atenção é a queda vertiginosa na bundesliga, após as 10 rodadas seguidas na vice liderança, e já viu sua posição cair e já tem o Schalke, que também tomou duas lavadas seguidas, nos seus calcanhares, lembrando que dessas três derrotas seguidas, perdeu pro próprio Schalke jogando na Bay Arena. Só havia perdido 5 jogos até 19° rodada e era o 2° no quesito vitórias (não preciso citar o 1°, né). 

Esse viés de baixa é muito preocupante, até porque com o título já praticamente decidido, o que vai restar são as vagas para a próxima UCL, apesar de ter uma situação financeira sólida, jogar a maior competição europeia é sempre um reforço nos cofres. Hyypiä precisa achar uma solução para reorganizar a defesa, que era muito bem postada no início da competição. O time funcionava muito bem quando o seu esquema encaixava com o do adversário, o 4-3-3 com seus pontos a moda holandesa bloqueando laterais, diminuição de espaços era o suficiente pra fazer desse Leverkusen um time muito bem balanceado. Talvez essa auto suficiência transformou num time engessado, fácil de ser marcado e principalmente seus principais jogadores pararam de jogar o futebol que vinham apresentando. Essa sequência de vexames faz muito mal para o psicológico do time, que começa a ter o péssimo costume de perder, e pro professor Hyypiä reverter vai precisar de experiência, não de ex-jogador, mas de técnico, coisa que ele ainda não tem.

Os três próximos jogos na Bundesliga são determinantes para essa mini recuperação, dois jogos fora, Hannover (11°) e Bayern (podendo ser campeão em casa) e em casa contra o Hoffnheim (10º).

segunda-feira, 3 de março de 2014

MUDANÇA PROVIDENCIAL.



Toda vez que mencionamos o campeonato argentino sempre nos vem a cabeça dois clubes, Boca e River, o que é muito justo pelo que fizeram em toda a história do futebol portenho. Mas algo bem incomum acontece nessas ultimas temporadas, nenhum dos dois conseguem ser protagonistas do campeonato interno. Hora por conta da questão econômica, uma enorme crise que aflige todos os setores da sociedade argentina e por consequência acaba influenciando diretamente no investimento no clube ou por erros de planejamento.

Enquanto o River vagou pela segunda divisão e não joga a Libertadores desde da temporada 2009, o seu rival, apesar de finalista em 2012 muito mais pela força de sua camisa do que por algum sopro de bom futebol, vaga pela 1° divisão se gabando de ser o único dos cinco grandes a não ter sido rebaixado. E esse é o ponto que quero explanar um pouco, sobre a situação de falta de oxigênio que acomete o tradicional clube argentino.

Boca quando trouxe Carlos Bianchi em 2013 quis reeditar a parceria de sucesso com Riquelme, que voltou ao time depois de um longo sabbath, mas não percebeu algumas coisas importantes haviam mudado.O clube sempre se notabilizou dentro da Argentina por ser um clube revelador e comprar jovens talentos de clubes rivais. Esse Boca de Bianchi, que gira em torno de Roman não desenvolve, é um time que não consegue ter um padrão, os jovens se demonstram muito nervosos com a pressão. Talvez tenha havido um grande erro de avaliação para a contratação de Bianchi, esse atual Boca não é nem de longe aquele time que o professor comandou nos áureos inicio dos anos 2000, quando venceu três libertadores (2000, 2001 e 2003). A sensação que dá é que essa equipe não fará nada a mais do que tem feito.




Por todas as características já colocadas acima, se fosse haver uma sucessão de poderes nos Xeneizes, eu teria dois nomes para pensar nessa mudança; O primeiro poderia ser o ótimo Ricardo Gareca, que recentemente deixou o comando do Vélez depois de 5 anos a frente do Fortin, conquistando o Campeonato Argentino (clausura) logo em sua chegada, o vice de 2010 (apertura), o terceiro lugar na Libertadores de 2011, depois de uma eliminação traumática pelo Peñarol, um novo título de Campeonato Argentino em 2011 (clausura) e o torneio inicial de 2012, dando direito de disputar a Super Final 2012-13, diante do Newell´s e vencendo posteriormente e tornando-se assim um dos principais técnicos argentinos da atualidade. E alem de ser um técnico muito competente no quesito trabalho e promoção de jogadores de base. Ao todo, foram 33 jogadores aproveitados das canteiras que o treinador promoveu ao time profissional, alguns exemplos foram: Héctor Canteros, Desábato, Mariano Bittolo, Rescaldani, Maximiliano Giusti, Augustín Vuletich, Brian Ferreira, Gino Peruzzi, Federico Freire, Lautaro Gianetti, Augustín Allione, Lucas Romero, Villalba. Durante esses cinco anos, Gareca dirigiu o time em 254 jogos. Foram 129 vitórias, 65 empates, 60 derrotas, 367 gols marcados e 215 sofridos. 



O outro que poderia ser candidato a essa vaga seria o ex-jogador e altamente identificado com o clube e um jovem treinador que vai alcançando grande renome dentro do meio dos "professores" na Argentina, Guillermo Schelotto, que faz um trabalho admirável a frente do Lanús, que também conta com bons jogadores no elenco. Ele conseguiu implementar uma filosofia de mescla entre jogadores jovens, das canteiras com jogadores já experimentados, essa experiência deu uma liga sensacional ao clube e conseguiu conquistar o inédito título da copa sul americana. Clube tradicionalmente ligado ao basquete, vai ganhando status de time que atrapalha os grandes, muito se deve ao trabalho dos irmãos Schelloto. Passou 10 anos como jogador do Boca Juniors, esteve em 196 jogos e fez 62 gols. Venceu 10 títulos com a camisa Xeneize. Maior identificação impossível.