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domingo, 7 de julho de 2013

NO FUNDO DO POÇO (FUTEBOL ESPANHOL E A CRISE)



O Deportivo La Coruña corre o risco de fechar as portas. O clube que vem sofrendo com uma grave crise financeira, entrou com o pedido de concordata na Justiça em andamento. Assim, o tradicional time da galícia que já contou com os brasileiros Bebeto, Mauro Silva e Rivaldo pode ter de mudar de nome e recomeçar na quarta divisão nacional, algo parecido ao que aconteceu ao tradicional clube escocês o Rangers, que hoje está na 3° divisão local.. Muitos são os problemas que podem ser enumerados apara essa situação, uma delas talvez seja a enorme continuidade do atual presidente do clube, Augusto Lendoiro, que está lá há 25 anos.

" Isto me deixa triste e envergonhado, mas não havia outra opção. Este é um novo cenário, mas eu me vejo com força para continuar. O clube é viável. Espero continuar aqui."  declarou o presidente do clube.


No total, o clube tem uma dívida que está em torno de 99 milhões de Euros (cerca de R$ 268 milhões) – a maior parte dela é com o governo e bancos. Em novembro passado, a Justiça confiscou as receitas de TV por conta de impostos atrasados. Diante disso, a diretoria entrou com o pedido de concordata, que protege a entidade da falência total e faz com que os credores tentem negociar o pagamento do débito. 




Campeão espanhol na temporada 1999/2000, o Deportivo voltou à primeira divisão na temporada passada, depois de nadar de braçadas na Liga Adelante, parecia que o clube faria uma volta tranquila, mas não foi o que aconteceu, o time foi rebaixado novamente a 2° divisão, terminando a competição em penúltimo lugar. O que agravou ainda mais a situação financeira do clube, longe da 1° divisão, a receita cai. O clube é o oitavo da elite a pedir concordata.

A situação financeira expõe a decadência de um clube que até há pouco tempo disputava títulos. O La Coruña foi um dos três times da Espanha a furar o controle total do Barça e Real Madrid entre os vencedores da Liga Espanhola nos últimos 20 anos (os outros foram Atlético de Madrid e Valencia). O título dos galegos veio na temporada 1999/2000. O clube não conseguiu patrocinadores para bancar o time, realidade que também ameaça outros clubes.

Por anos os clubes conseguiram se manter graças a empréstimos de bancos, patrocínios de empresas e até a ajuda do Estado. Mas com 25% de desemprego no país e uma recessão na economia, a Espanha ainda não vê uma luz no final do túnel para sua crise. O resultado é que o apoio financeiro aos clubes desabou e todo o modelo econômico foi colocado em questão.



A Federação Espanhola foi obrigada a criar um fundo de resgate para ajudar clubes a pagar salários atrasados de jogadores, já que muitos sequer podem pegar empréstimos nos bancos locais por estarem com seus nomes "sujos". Segundo a própria federação, o buraco nas contas dos clubes já chega a 3,5 bilhões (R$ 9,4 bilhões).

"Nos vimos obrigados devido aos embargos de todos os ingressos na Agência Tributária. Tentamos chegar a um acordo, mas não foi possível. Não é um problema de vergonha, já que tentamos por todos os meios para que se chegasse a um acordo. E sem acordo com a Fazenda, não podemos chegar a acordo com os demais credores", afirmou o presidente do conselho administrativo,  Augusto Lendoiro.

Para seguir em funcionamento, o clube terá administradores nomeados pela Justiça para analisar os estragos causados pelas dívidas, algo parecido que aconteceu com o Portsmouth, clube que hoje amarga a 4° divisão inglesa, que teve os mesmos problemas. Entre os credores, aparecem jogadores como o paraguaio Roberto Acuña e o espanhol Alberto Lopo, além de Albert Luque, um dos grandes jogadores da Fúria no início do século.
O credor mais prejudicado pela situação financeira do Deportivo é o Fisco espanhol, enquanto Acuña cobra 1 milhão de euros, Lopo, 220 mil euros, e Luque, 2,1 milhões. 

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