Pages

sábado, 28 de dezembro de 2013

A COPA DE 1990

O mundial de 1990 foi disputado em uma época em que o mundo passava por transformações politicas e sociais. Por exemplo, essa seria a última copa de seleções tradicionais, URSS e Tchecoslováquia, que 1 ano depois da realização do mundial se desmembrariam e formariam novas nações, pondo fim a longa guerra fria. Outra diferença, depois de 52 anos, a Alemanha jogaria sua primeira copa do mundo já reunificada. O muro de Berlim já havia vindo a baixo em 1989. Também foi caracterizado por muitos como a copa com o pior nível técnico da história das copas.

Essas mudanças também se refletiam no futebol. Não havia uma grande seleção destacada para a disputa desse mundial. Todas as equipes tinham problemas com jogadores machucados ou cansados da extenuante temporada europeia. Tirando a Argentina, que tinha um extraterrestre (Maradona) em seu elenco e a laranja mecânica que voltava a copa do mundo, pós geração Cruyff e Neeskens, tinha uma seleção completamente renovada e campeã europeia com nomes do quilate de Van Basten, Rijkaard, Gullit e cia, as outras seleções passavam pela chamada "entressafra". 



Brasil chegava a essa competição com muitos problemas, que iam das questões técnicas, com o conturbado Lazaroni, que passava pro questões de divisão de prêmios a questões de relacionamento. Aquela brilhante geração da década de 1980 já havia passado, deixando a desilusão. Não havia nada de grande coisa naquela seleção, Romário e Careca, que tinham tudo pra fazer uma dupla infernal, chegaram ao mundial "bichados". Inspirado pelo que acontecia na época, os times jogando de forma defensiva, Lazaroni apostou num 3-5-2. O que visivelmente não agradava a ninguém.

A Itália acreditava que poderia ser a copa do tetra. Gastou muito dinheiro com suas 12 sedes, naquela época era o auge da Serie A do calcio, que tinha grande cobertura no Brasil, confesso que sou um filhote do calcio por conta dessa época. Milan e Internazionale era uma extensão da grande rivalidade da época, Alemanha x Holanda. Mas a azzurra contava com uma defesa quase que intransponível, Zenga (Inter) bateu o recorde de não sofre gols em copas do mundo. Baresi, Bergomi, De Aggostini, Ferrara e o jovem Maldini, fechavam o ferrolho. Baggio, Donadoni e Mancini eram as estrelas desse time. "Totó" Schillaci foi a grande febre da época, o atacante juventino foi o artilheiro da copa com 6 gols.



A futura campeã, Alemanha, chegava com o objetivo principal, entrar no hall dos tri campeões do mundo, que contava com Brasil e Itália. Chegava com sangue nos olhos pelos dois vice campeonatos seguidos (82 e 86) e a eliminação nas semifinais, em casa, para a Holanda, ressaltando que na época, era a grande rivalidade na Europa. Brehme, Matthaüs e Klismann formavam a cabeça pensante desse time. Uma marcação fortíssima e um futebol mecânico, levaria os germânicos ao sucesso empolgados com a nova situação que viviam nas questões sociais com a reunificação.

Essa copa teve 24 participante divididos em 6 grupos de 4. 

GRUPO A: Itália; Tchecoslováquia; Áustria e EUA
GRUPO B: Camarões; Romênia; Argentina e URSS
GRUPO C: Brasil; Costa Rica; Escócia e Suécia
GRUPO D: Alemanha; Iugoslávia; Colômbia e EAU
GRUPO E: Espanha; Bélgica; Uruguai e Coreia do Sul
GRUPO F: Inglaterra; Irlanda; Holanda e Egito

SEDES:
Milão -  Roma - Nápoles - Turim - Bari - Verona - Florença - Cagliari - Bolgna - Udine - Palermo - Genoa

A estreia da copa nos brindaria com uma das maiores e gratas surpresas de uma copa. A poderosa e atual campeã Argentina de Maradona, Canaggia, Pupido, Rugeri, Sensini e cia contra a desconhecida seleção de Camarões do jovem/velho Roger Millar. A surpreendente vitória dos africanos já dava uma mostra que não seria uma copa tão convencional assim. Nessa época, classificavam os 2 primeiros de cada grupo e os 4 melhores 3°. Talvez a URSS, do grande Dasayev, tenha sido a única falta sentida na fase de 8º, já que era a atual vice campeã europeia. As demais todas passaram. Os confrontos mais significativos foram: Alemanha x Holanda,  Brasil x Argentina e Itália x Uruguai (Uma celeste decadente, mas um bicampeão do mundo). A batalha mais difícil foi travada em Milão, quando a Alemanha teve a sua vingança, com gols de Klismann e Brehme despacham a Holanda.



Entre Brasil x Argentina, em Turim, o massacre da seleção brasileira em cima da depende Argentina de Maradona foi algo a ser ressaltado. Mas dois episódios, muitos anos depois, fazem repensar aquele jogo, o episódio da água oferecida aos brasileiros pelos argentinos em paradas e frouxa marcação que permitiu a Maradona, em sua única chance de mostrar sua genialidade, enfiar uma bola para Canaggia entrar sozinho cara a cara com Taffarel e mandar aquela seleção de Lazaroni de volta ao Brasil, seleção essa que ficou marcada como a "era Dunga", por ter sido o grande pivô da jogada de Dieguito.



Nas quartas, a Inglaterra, que chegava mais uma vez com grande esperança e uma boa seleção que contava com o matador Lineker, o excelente goleiro Shilton (40 anos), Pearce, Butcher, Gascoine, Hodge e Woods, eram alguns exemplos. Os britânicos espantariam a zebra africana numa prorrogação cansativa e longa. 

As semifinais foram a grande ironia nos confrontos, de um lado colocaria a animada seleção inglesa contra a força mental alemã, rivais históricos dentro e fora de campo e em todas as cearas e do outro a Itália, super candidata ao tetra e a valente Argentina de Maradona, só que com um ingrediente: Esse jogo seria realizado no estádio San Paolo em Nápoles, onde Maradona reinava com o Napoli. Depois de um tempo normal e prorrogação empatados a disputa iria para os pênaltis. Com as penalidades são mais legais ver do que ler, o vídeo está ai embaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=dO9ffRQvfhA



Na outra perna aconteceu o mesmo roteiro, então:
http://www.youtube.com/watch?v=hH_Yt0K3tZA

A final mais uma vez colocava Alemanha x Argentina frente a frente, o certo era teríamos um novo tri campeão do mundo. A final  foi tensa, argentinos e alemães a todo momento se estranhando, um pênalti um tanto esquisito colocava Brehme e o "pegador" de pênaltis, Goycochea, que havia entrado na copa pela contusão séria de Pupido, frente a frente, a frieza germânica imperou. A eficiência alemã venceu o coração argentino. O jogo termina 1 x 0 para a Alemanha e leva os germânicos ao seleto grupo de tri campeões do mundo. Grupo que atualmente só conta com os próprios, já que Itália e Brasil já abandonaram. Beckenbauer, o grande comandante, entraria em outro hall, o dos ex-jogadores campeões do mundo jogando e treinando, Zagallo era o único.



Quem viveu essa época irá lembrar dos copos comemorativos da Pepsi e do álbum da copa, o qual guardo com carinho até hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário